terça-feira, 24 de maio de 2016

Anos 80, a maternidade do Pop Rock Brasileiro




Quando Luiz Antônio lamentava a perda dos músicos e o fim da Fluminense FM, ele chamava a atenção para esse “Vodu” que havia se atirado sobre nós, retirando a vida daqueles que em muito colaboraram para o enriquecimento da música nacional dos anos 80.

O jornalista Luiz Antônio Mello publicou, há alguns anos, no Jornal do Brasil, uma crônica sobre os efeitos de uma possível “Maldição 80”, nome que intitulava o texto. Com visível pesar, O “xará” afirmava que a “geração 80” do rock brasileiro estava recebendo uma onda de tragédias envolvendo músicos e ícones. Maldição essa que, segundo ele, havia retirado de cena Renato Russo, Cazuza, Júlio Barroso (vocalista da Gang 90 e Absurdettes) e Marcelo Fromer, além da Rádio Fluminense FM, a Maldita, primeira a tocar as fitas demo de Lobão, Paralamas, Legião e Kid Abelha, dentre outros.

Para alguns economistas, a década de 80 foi considerada como perdida, devido à estagnação econômica vivida na América Latina. Em contrapartida, abrigou a criação e eternização do Pop Rock no nosso país, tendo revelado grandes nomes da nossa música e colaborando, também, com as manifestações sociais e políticas que compunham a época. Esses manifestos ficaram explícitos no trabalho de algumas bandas como, por exemplo, a Legião Urbana, o Capital Inicial e a Plebe Rude, que tiveram formação em Brasília e realizaram registros marcantes desses “Dias de Luta”. Para os amantes do gênero, as maiores bandas nasceram ali, em meio a tanta confusão política, manifestações, planos econômicos e outras coisas que preocupavam a população.

Certa vez defini os Anos 80 como sendo uma maternidade do Pop Rock brasileiro e, certamente, eu tinha razão. Não se pode falar deste assunto sem citar, também, a TNT, Os Replicantes, Picassos Falsos, Hojerizah, Zero, Camisa de Vênus, Barão Vermelho, Biquini Cavadão, Uns e Outros, Nenhum de Nós, Titãs, RPM, Paralamas do Sucesso, Heróis da Resistência, Dr. Silvana e Cia, Ira!, Blitz, Lobão e os Ronaldos, Cazuza, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e muitos outros que ajudaram a construir esse legado que o mantém vivo.

Quando Luiz Antônio lamentava a perda dos músicos e o fim da Fluminense FM, ele chamava a atenção para esse “Vodu” que havia se atirado sobre nós, retirando a vida daqueles que em muito colaboraram para o enriquecimento da música nacional dos anos 80. Muitos artistas se foram, algumas bandas chegaram ao fim e várias outras caíram no anonimato, sobrevivendo apenas em algumas rádios, mídias e festas dançantes.

Mas, como dito por ele, “a geração 80 não vai sucumbir à praga, pois, O pulso ainda pulsa”. Precisamos renovar, de um jeito ou de outro, todo o legado deixado por eles para que, assim, possamos garantir que as próximas gerações tenham acesso a todo esse “tesouro perdido”. Os anos 80 revelaram tudo o que é apreciado e cultuado até hoje, com letras históricas, contestadoras e marcantes. Verdadeiros hinos de uma geração que jamais será esquecida. A crônica escrita por Luiz Antônio continua fazendo muito efeito nesses tempos de “escassez” no Pop Rock Nacional e precisamos urgentemente de inovação e de melhorias.

Por outro lado, sinto-me feliz quando tenho a oportunidade de conhecer algumas bandas covers levantando a galera, quando interpretam músicas “sepultadas” há anos. Também tenho observado algumas bandas que fazem um bom trabalho autoral, muitas delas influenciadas pelo som eternizado na nossa querida “década perdida”. Portanto, devo concluir que ainda resta uma ponta de esperança e esperamos, ansiosamente, que a “maternidade” seja reativada. Pelo menos em parte.

Vida longa ao Pop Rock brasileiro!


5 comentários:

Neusa Oliveira disse...

Muito boa sua crônica !!!!! No seu relato, consegui ver a galera do Pop Rock em ação, nos contagiando. Eu também desejo vida longa ao Pop Rock brasileiro. Abraço,

Poeta da Lagoinha disse...

Obrigado, Neusa. Um grande abraço!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Abordagem sensacional. Atualmente percebo que a música "virou" uma indústria, bem diferente dos Anos 80 onde a galera fazia revolução. Viva o rock brasileiro! Abraços.

Poeta da Lagoinha disse...

É isso aí, Fernanda. Obrigado!