CRÔNICA - LOUCOS POR TODA PARTE
DE CURITIBA – PR
"Satisfeito, ele continua caminhando pelo corredor e exaltando a grande invenção de Santos Dumont, entre algumas pessoas, que riam discretamente. Ele me chama mais uma vez e, querendo dar continuidade à conversa, tenta iniciar o "papo de doido" com uma pergunta estranha e direta: “Você sabia que Santos Dumont era viado”?
Nem mesmo os dias de descanso na capital paranaense são suficientes para me livrar de certas “personas estranhas”. É bem certo que, nesta semana, consegui finalmente escapar da terrível “Gangue” de engraçadinhos do Padre Eustáquio, liderada pelo “irreverente Edinho Mala”. Mas, para o meu espanto, descobri que elas me perseguem por toda parte, me “perturbando” em qualquer lugar, seja em Minas ou em qualquer outro destino em que me encontre. Acho que ando rezando pouco ultimamente...
Ainda no aeroporto de Confins fui surpreendido por uma figura exótica, no último sábado, no momento em que adentrava o Boeing 737-800 da Gol Linhas Aéreas com destino a São Paulo. Subia tranquilamente às escadas quando ouvi suas primeiras palavras, em conversa com uma mulher: “Quantas pessoas cabem num bichão desses? Umas quinhentas?” Fiquei ouvindo a conversa e a resposta da tal mulher, que disse não saber exatamente a capacidade. Foi nesse instante que ele bateu em meu ombro: “Ô garoto, (Fiquei feliz pela gentileza) você sabe quantas pessoas esse bichão leva”? Sem pensar emendei: Mais ou menos 160. Pois bem. Chegando na porta da aeronave a comissária nos saudou com um sorriso de bom dia e, mais uma vez, o figura faz sua incursão direta: “Ô minha filha, quantas pessoas esse bicho leva”? Ela gentilmente responde: “ Até 140 passageiros”. Satisfeito, ele continua caminhando pelo corredor e exaltando a grande invenção de Santos Dumont, entre algumas pessoas, que riam discretamente. Ele me chama mais uma vez e, querendo dar continuidade à conversa, tenta iniciar o "papo de doido" com uma pergunta estranha e direta: “Você sabia que Santos Dumont era viado”?
Eu sempre gostei de viajar. É bom conhecer um pouco da cultura das outras cidades e estados, você se diverte. Curtiba é uma cidade fascinante. Muito organizada e com bela arquitetura. Os bosques e parques são abundantes, assim como as araucárias. No último domingo aproveitei o belo dia de sol para realizar o passeio pelo “Tourism Line”, um ônibus tipo jardineira que circula pelos principais pontos turísticos da cidade. O ponto inicial é a Praça Tiradentes e o valor da passagem é de R$ 25,00, com direito a um embarque e mais quatro reembarques. Ele percorre os 24 pontos em aproximadamente duas horas e meia, passando pelo Jardim Botânico, Ópera de Arame e Rua 24 horas, dentre outros.
Na pequena fila de embarque observo um senhor simpático, acompanhado de outras duas senhoras, enquanto eu negociava com um guia turístico minha ida ao litoral do Paraná para o dia seguinte. Ele logo reconhece o sotaque e me pergunta se eu vinha de Minas Gerais. Nisso o senhor entra na conversa: “Você é de Belo Horizonte? Nós também somos de lá rapaz, moro no Eymard. Você conhece”? Respondo positivamente e ele continua: “Que mundo pequeno hein? Você sabe me dizer se o Galo ganhou ontem?” Após responder suas perguntas embarcamos no ônibus com destino aos pontos turísticos, já com o sol a castigar minha careca. Eu me esqueço de que já não posso mais abrir mão de um boné para esses passeios...
Lá em cima sento-me na poltrona do lado contrário ao conterrâneo. Ele continua: “Você já encontrou com o Padre Eustáquio lá no bairro?” Sim, todos os dias, respondi sorrindo e exibindo a pequena foto do Beato dentro da minha carteira. Ele fica quieto por uns instantes e logo começa a reclamar com as duas senhoras que o acompanham. Diz que está com fome, que já é hora de almoçar. Olho para o relógio para ver as horas: 10:15. Nesse momento, sobe no ônibus um casal com grande dificuldade, ela com o bebê no colo e o rapaz com várias bolsas e sacolas penduradas. Ele vinha caminhando pausadamente pelo corredor e o tio o segura pelo braço, interrompendo sua passagem. Imaginei que fosse oferecer algum tipo de ajuda, mas não era essa sua intenção: “Aqui... Pode ficar à vontade aí viu?” O rapaz não diz nada e, sem entender, caminha para o fundo do ônibus, com uma cara amarrada. O tio dá uma risadinha sarcástica e eu viro o rosto para o outro lado, a fim de rir também. Desembarquei um pouco adiante, no Jardim Botânico, desejando felicidade a todos eles. O tio finalizou: “Se encontrar com mais alguém de lá, (BH) diga que mandei lembranças”.
Nesses dois últimos dias em Curitiba peguei chuva, e uma temperatura oscilando entre 12 e 5 graus. Da varanda do Flat vejo a praça XIX de Dezembro lá embaixo, que é freqüentada por muitos jovens, emos, hippies e alguns grupos alternativos aos finais de semana. Duas outras figuras me chamaram a atenção: Um mendigo, já mais velho, desfilando imponente com um Blazer de lã e um outro andarilho, esse bem mais jovem, com uma touca e um sobretudo. Estava elegante o rapaz. Eu aqui a fim de comprar uma jaqueta de couro e eles lá, na maior onda. Mas fiquei Feliz por eles. Pensei: se o segundo tivesse me pedido algum trocado a resposta mais correta seria: “Troco pelo sobretudo”
É isso aí pessoal. Como disse no início da crônica as “Figurinhas” estão por toda parte. Não adianta fugir do Padre Eustáquio. Aproveito para mandar um abraço para todos os amigos de lá e reforçar o que o “tiozão doidão” do ônibus disse no passeio: “Sorrir ainda é o melhor remédio”.
Vou pra Porto alegre...
Tchau!
UM PEDAÇO DE MINAS NA CAPITAL PARANAENSE
Vou embora debaixo de chuva e pensando: “O Alto da Glória também é nosso”.
O Centro histórico de Curitiba é um paraíso para os apreciadores de uma bela cerveja gelada. São vários bares (casarões) em uma ladeira que em muito lembra a cidade de Ouro Preto. Eu me senti
Outro fato a se destacar é a proximidade entre as torcidas organizadas do Coritiba Foot Ball Clube com as do Atlético Mineiro, e a familiaridade entre os dois times apesar da distância. Jovens desfilam tranquilamente com camisas do Atlético-MG pelas ruas ao redor do Couto Pereira, e bandeiras da Torcida Organizada Galoucura também fazem parte dos apetrechos utilizados pela maior torcida do Coxa, a Império Alvi-Verde. Camisas da torcida do Galo também são vendidas na loja da Império, assim como adesivos e outros acessórios. Lá dentro, brinco com o rapaz que me atende dizendo que a Galoucura estava presente, apontando para as camisas na vitrine. Ele responde de forma direta e com um sorriso: “Sempre!”. Vou embora debaixo de chuva, com uma camisa do Coxa nas mãos e pensando: “O Alto da Glória também é nosso”.
Viva o Galo, e também o Coxa!
4 comentários:
Gostei muito dos seus textos (já li quase todos), as crõnicas, poemas. Parabèns! VocÊ escreve muito, me senti honrada por ter gostado de (Ao meu amor).
Ps: Juro que fui pesquisar se Santos Dumont era mesmo "viado" rss
Muito bacana seus textos. Parabéns, meu amigo. Eu consigo enxergar o que você narra. Vá em frente, LUlu !!!!! Abraço,
Adorei os textos ...muito bom "loucos por toda parte" ... É isso aí, viagens sao sempre incríveis.Sucesso!!!!#!
Obrigado a todas vocês. :)
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