sábado, 31 de maio de 2008

CRÔNICA


ROYAL SALUTE A PREÇO DE BANANA, DIB SIX E A “ONDA DISCO” NAS NOITES DE BH

“já conhecia o Dib Six de algumas apresentações e também a contemporânea Banda Cheb, que por sinal tinha duas dançarinas que tiravam o fôlego”.

Por incrível que possa parecer estou em casa neste sábado. Preferi ficar descansando pois estou um pouco resfriado, e não pretendo piorar isso.Então resolvi pegar meu computador e ouvir um CD relaxante para curtir esta noite. É bem verdade que gostaria de ter bebido uma cerveja gelada com os amigos mas fica para amanhã, afinal não existe dia melhor para uma cerva no Bar do Xico.Resolvo então ouvir um a que gosto muito, do Dib Six. Esse disco representa muita coisa para os que curtiram as noites do ano de 1997 e eu fazia parte deste time, então com 19 anos de idade.

Conheci a banda nessa mesma época, provavelmente entre minhas idas a Savassi e ao Bar Nacional, que naquela época experimentava seu auge. O Alexandre, grande amigo de golos e farras, costumava ir comigo a tais lugares onde rolavam essas músicas. Teve um dia em que ele conseguiu uns ingressos para um tal de “Azabumbar”, uma boatezinha pequena na Savassi. Já estávamos prontos para sair quando um dilúvio caiu sobre minha Belo Horizonte, e por recomendação de minha mãe aguardamos um pouco. Vocês sabem como é isso, conselhos de mãe e avó nunca deverão ser desprezados. E se fosse por minha mãe teriamos ficado assistindo televisão. Mas naquela época eu não suportava ficar em casa, principalmente aos sábados. Passado o dilúvio fomos para a Savassi pulando muitas enxurradas. Foi um dia muito feliz, dançamos ao som da Banda Dr. Spock (Naquela época ainda pouco conhecida) e eu bebi uísque Royal Salute a preço de Cavalinho. Nem eu acreditei quando o Barman me disse. Na volta, já alegre pelas muitas doses e pela boa noite, brincamos de cantarolar Ciranda Cirandinha na voz de Renato Russo, bem na porta do Imprensa Oficial, às quatro horas da manhã. Eu não "era" muito normal. Como todo mundo pode perceber eu melhorei bastante, graças a Deus. Ao chegar em casa liguei a TV e soube da morte da Princesa Diana,num acidente automobilístico em Paris.

Mas a idéia não é contar sobre minhas façanhas de 1997. Voltando ao assunto, já conhecia o Dib Six de algumas apresentações e também a contemporânea Banda Cheb, que por sinal tinha duas dançarinas que tiravam o fôlego. No dia da morte de minha avó estava acordado de madrugada e liguei a televisão. Pelo telefone minha mãe acabara de me dar a notícia que já esperava, mas insistia em prorrogar. Eram três da manhã. Como não me interessei por nada naquele momento deixei a TV sintonizada no Canal 23, hoje Rede Super, que estava fora do ar mas tocava algumas músicas. Fiquei tocado com a letra de uma, que falava de coisas simples mas que podem ter grande interferência em nossas vidas. Contrastando com a dor da perda de minha avó D. Iracema, fiquei hipnotizado pela letra de “Onda Disco”, música e letra de Gui Praxedes, vocalista do Dib Six. Ficava sempre com a imagem da minha avó na cabeça e o refrão no meu ouvido: “Bom mesmo é dançar, se divertir, nessa onda disco, sem correr o risco de uma noite sem curtir”. Acho que foi ali que comecei a perceber como a vida é estranha às vezes, e que as madrugadas poderiam ser bem diferentes, como os dias que passam. Eu, que curtia muitas delas em embalos de alegrias, naquele momento experimentava uma dor que até então praticamente desconhecia.

Sabendo que se tratava de uma banda mineira iniciei a procura pela música em lojas da cidade, sem sucesso. Um dia, coversando com meu amigo de bar e parceiro nas poesias Carlos Alberto Moreira, fui surpreendido com o CD da banda. Ele me disse: “Tenho aqui dois CDS que ganhei mas não gosto muito, acho que combinam mais com você”. Um era do Rick Astley, o outro era do Dib Six. O CD, gravado em 1996, possui seis músicas incluindo Onda Disco e a clássica Dancin Days, de Ruban e Nelson Mota. Fiquei muito feliz e até hoje guardo com carinho o disco raro que, segundo o encarte, contou com o patrocínio do Sistema Colégio e Pré Vestibular. Em fevereiro deste ano, de volta a faculdade, descobri que minha professora de Teorias do Jornalismo Luciana Praxedes é prima do vocalista. E foi ela quem me deu a boa notícia de que eles ainda estão na ativa.

Como trata-se de uma grande banda, o Dib Six é reconhecido e cultuado até hoje. Há poucos dias encontrei um colega no Bar do Xico e começamos a ouvir músicas. Ao perceber que entre os meus CDs estava o da banda, ele quase caiu da cadeira com o copo na mão gritando: “Putz! Há quanto tempo não ouço isso! Que saudades eu tenho meu velho!”. Diante da sua felicidade não tive dúvidas e o emprestei. Ele foi embora alegre, já meio zuado, confiante de que ainda iria ouvir naquele domingo mesmo. Tenho certeza de que deve ter se esbaldado com as músicas e relembrado muito aqueles tempos. O Dib Six é uma das bandas que melhor representou o perfil alegre de nossas noites, e traduziu a língua das pessoas que assim como eu buscavam apenas curtição e alegria nas noitas Belorizontinas.

3 comentários:

Unknown disse...

Querido amigo,
Fico boba com suas crônicas!Consigo viver tudo aquilo que você relata, são momentos sempre especiais quando estou lendo o que você escreve!Muito bom!

Anônimo disse...

Meu caro Luizão,
agora entendi o sentido das colocações a respeito do scoth e da banda! Me surpreendi que por traz disso tem uma historia. mande mais que agira vou ler com frequencia.

abraço!

luciano.

Carlos disse...

Oi, Luiz, passei rapidinho pelo seu blog. Mas não pude ficar e ler, pois deixei toda a preparação da semana para agora, domingo à noite. Posso dizer apenas que gostei muito da cor, de papel envelhecido. Depois passo para ler as suas crônicas e poemas.Continue escrevendo. Um abraço!

Carlos Versiani