CRÔNICA

PARABÉNS CLAIDE

“Claide Gosling sempre foi uma pessoa apaixonada pelo carnaval, assim como eu. Talvez por isso tenha me identificado tanto com a sua pessoa”.

Todos sabem da minha paixão pelo carnaval. Antigamente, quando via nos jornais os anúncios a respeito do Baile dos Artistas, ficava curioso para saber como era o tão divulgado evento. Fui uma vez e nunca mais parei de ir, visto que é de excelente qualidade e também o único evento carnavalesco de Belo Horizonte. Todos os anos curto a festa embalado pelas marchinhas e sambas de enrêdo, sempre na companhia de pessoas especiais. E foi graças ao Baile dos Artistas que conheci uma das pessoas mais alegres e simpáticas de Belo Horizonte, Claide Gosling.

Claide, além de fundadora do Baile e da Amparc (hoje Simparc) atuava também como Coordenadora da Sala Juvenal Dias e do teatro João Ceschiatti. Todos os anos, às vésperas do Baile, entrava em contato com ela pelo telefone afim de garantir minha mesa. Eu mal me identificava e ela dizia do outro lado: “Eu sei, o Luiz Antônio que compra a mesa comigo todos os anos”. E eu seguia este ritual de entrar em contato com ela e ir pessoalmente ao Palácio das Artes buscar os convites.

Claide Gosling sempre foi uma pessoa apaixonada pelo carnaval, assim como eu. Talvez por isso tenha me identificado tanto com a sua pessoa. Me lembro que nos Bailes suas fantasias se destacavam entre as demais pela criatividade, e era interessante perceber a alegria estampada em seus olhos estando ali, naquele evento que ela ajudou a criar e que também, com certeza, aprendeu a amar. Pessoa conhecida também no campo das artes cênicas, cativava a todos com um sorriso sincero e alegre, uma coisa rara nos dias atuais. Em fevereiro deste ano, com uma maior disponibilidade de tempo, tive a oportunidade de conversar um pouco com ela sobre o teatro mineiro, o público de Belo Horizonte e toda a correria que envolve a produção teatral. Foi uma pena que tenha sido por tão pouco tempo, pois gostaria de ter convivido um pouco mais com essa pessoa tão simpática.

Ontem, ao sair pela manhã para cortar o cabelo comecei a ler o Hoje em Dia por um acaso, e logo me deparei com a manchete no caderno Cultura: “BH perde a alegria de Claide Gosling. Morte da fundadora do Baile dos Artistas entristece intelectuais, produtores e autores teatrais”. Fiquei estático por alguns instantes mesmo sabendo que a morte é uma coisa natural da vida. O que me entristeceu foi perceber que o mundo anda cada vez mais complicado, e que as pessoas de bom coração e portadoras de alguma simpatia estão indo embora muito depressa. Claide, com toda a sua alegria, agora brilha em um local muito mais especial. Belo Horizonte certamente agradece por todo o incentivo que ela deu a nossa cultura. Parabéns Claide, seu nome estará para sempre entre os de pessoas especiais neste mundo tão simples.