domingo, 6 de julho de 2008

CRÔNICA ESPECIAL


VIVA CAZUZA!

“Cazuza é a maior referência poética em minha vida, a inspiração maior para todos os poemas sentimentais que possuo”

Há dezoito anos o Brasil perdia uma de suas maiores estrelas, um ícone na história do Rock e também de nossa música popular. Um exagerado poeta que levou milhares de pessoas ao delírio e também marcou a força e esperança de uma geração que acreditava num futuro melhor. Apesar da pouca idade, me lembro com clareza de todo o estardalhaço que não só o Barão Vermelho causava, mas também o poeta Cazuza enaquanto seguiu carreira solo. Às vezes polêmico, outras vezes contestador mas sempre com aquele mesmo estilo de herói revolucionário da música brasileira. O interessante é que mesmo depois de tantos anos após sua morte ele está cada vez mais vivo.

É bem verdade que quando o Barão Vermelho estourou nas paradas eu era apenas uma criança. Mas criança também dança, ouve música e curte um Rock, como eu fazia. Mas posso dizer que fui privilegiado por viver a minha infância numa época em que o Brasil fabricava o que existe de melhor em se tratando de Pop Rock. E, bem ou mal, acompanhava todas as bandas que faziam sucesso na época e guardo como uma de minhas melhores lembraças as festas e aniversários alimentadas por músicas como as do Barão Vermelho, impulsionadas pelo estilo único e diferente de Cazuza. Ezequiel Neves, produtor do Barão Vermelho, parceiro e amigo de Cazuza disse certa vez em uma entrevista que o primeiro disco do Barão não era apenas um disco, era um “estupro”. E é bem verdade, caro leitor, pois quem viveu essa época sabe o quão grande foi o sucesso de Bete Balanço, Maior Abandonado e Vem Comigo. A histórica apresentação do Barão Vermelho no Rock in Rio I ilustra a energia que existia em suas apresentações. Uma de minhas maiores triztezas é saber que não fui a nenhum show deles ou do poeta em carreira solo.

Meu primo e grande amigo Fabrício costumava colocar seus discos para tocar e eu fui gostando cada vez mais daquele som. Uma vez, em seu aniversário, minha mãe o presenteou com o disco “Os Melhores Momentos de Cazuza e Barão vermelho”, graças ao meu incentivo. Aí era bacana porque a gente ouvia o disco juntos, nos lendários aniversários em sua casa movidos a Muito Pop Rock e Campari. E o bom nessa história é que eu fui crescendo e gostando cada vez mais da obra de Cazuza, sempre pesquisando sobre seu trabalho e vida. E se me tornei um poeta por vocação e gosto, aprendi a articular o amor e alguns sentimentos incentivado pala obra do poeta carioca. Me lembro que ecompanhava todas as notícias sobre seu estado de saúde, torcia por sua recuperação e aprendi a admirar toda a sua luta, por muitos anos tentando vencer uma doença maldita. As pessoas deveriam ter metade do espírito guerreiro que ele teve.

Curiosidade ou não, ganhei meu primeiro disco de Cazuza no meu aniversário de 12 anos, quatro dias após a sua morte ocorrida em 07 de julho de 1990. Minha querida mãe me presenteou com “O Tempo Não Pára” ao vivo, disco que guardo até hoje. E me lembro que foi um grande sucesso na festa daquele ano, visto que as pessoas estavam chateadas com a perda do poeta. No dia de sua morte estava eu dormindo na casa de minha tia Eliana, no Bairro do Santo André. Meu primo Walter ligou o rádio pela manhã, haviamos acabado de acordar. A Extra FM executava Ideologia e ao tentar sintonizar outras rádios percebemos que todas tocavam suas músicas. Sob suspeitas, ligamos a televisão e constatamos que enfim o poeta havia descansado para sempre. Foi a única vez em que me emocionei com a morte de um artista, pois sempre fora especial na minha vida.

Com o passar dos anos fui entendendo mais sobre sua obra acompanhando livros, reportagens e outros materiais. Como admirador, estou sempre analisando suas letras, poemas e outros a fim de aprender mais sobre as coisas. Cazuza é a maior referência poética em minha vida, a inspiração maior para todos os poemas sentimentais que possuo.

O interessante em cima de tudo isso é perceber que dezoito anos após a sua morte cada vez mais pessoas gostam e admiram seu trabalho. Os jovens de hoje também o classificam como um dos melhores da história, reconhecem sua importância para todo o contexto artístico nacional. Se emocionam ao ver o vídeo do Rock in Rio I onde Cazuza, enrolado na bandeira do Brasil, comemorava a eleição de Tancredo Neves pedindo um Basil melhor e desejando que “ o dia nascesse muito mais feliz para todos”.

Cazuza se foi, deixando vasta e reconhecível obra. Outras gerações virão e com certeza também irão conhecer essa luz que passou pela terra, deixando não só uma expressão de garoto rebelde mas também uma delicadeza de sentimentos pelas pessoas e pelo mundo. Viva Cazuza!

Um comentário:

scarleth menezes disse...

Lindo Texto! Cazuza (é)ra o cara mesmo. Nas aulas de literatura ele deveria ser estudado como poeta, rebelde, autor dos melhores textos de revolta contra essa sociedade (des)humana. Talvez assim teríamos uma nova geração mais crítica e menos focada em vida de famosos e novelas da Globo. Viva Cazuza!