"Porque aquele nosso
velho papo de “também não me arrependo de nada” quase sempre é balela, coisa de
senso comum. Só dizemos isso porque ainda não inventaram um fluído que nos
proporcione a alteração das coisas do passado".
Dia desses estava este humilde escriba
concentrado em seus afazeres, entre telefonemas e aprovações, com o som da
Rádio Alvorada ao fundo. Foi neste momento que começou a tocar, para minha alegria,
a música “Minha Vida”, de autoria do meu xará Luiz Maurício, também conhecido
pela alcunha de Lulu Santos. Devo confessar que adoro essa música. Lembrei-me
de minha infância no bairro do Santo André, época em que eu também sonhava em ir
tocar guitarra na TV. Essa música nos convida a uma reflexão sobre nossas
vidas, nossos sonhos, comportamentos e realizações.
Cada um de nós traz uma história
diferente. E é bem verdade que desde novos realizamos alguns planos para nossas
vidas, planos esses que nem sempre serão executados de acordo com nosso planejamento.
Existem também aqueles que nada planejam e convivem com alguns acontecimentos
jamais imaginados. É engraçado isso. Há pouco tempo, numa pequena reunião com
um amigo aqui no Padre Eustáquio, falávamos sobre o assunto. Ele me dizia que
tinha certeza de que não havia construído muita coisa em sua vida, mas se dava muito
por satisfeito tendo tido um filho, por ter vivido bons momentos e,
principalmente, por ter conquistado grandes amizades, o que ele considera como
sendo o bem mais valioso que um ser humano pode ter. Fiquei pensando em suas
palavras e tentando entender até que ponto concordo com ele.
Todos nós temos nossos sonhos, ilusões
e romances. Quando eu era menino, primeiramente quis ser jogador de futebol, o
que é muito comum. Depois veio a paixão pela música, juntamente com a
literatura, que carrego até hoje. A música não vingou, a literatura fez morada.
Eu já era jornalista e nem sabia. Tempos depois veio o sonho de fazer a
faculdade, sonho que também vim a realizar posteriormente. Não sei se no tempo
certo, mas realizei. E, pra falar a verdade, nem sei se existe tempo certo para
alguma coisa na vida. Acho que tudo o que acontece ou deixa de acontecer tem
uma explicação. Demorei uma “eternidade” para amadurecer tudo isso na minha
cabeça e hoje concordo que de nada adianta sofrer, chorar ou se lamentar pelo que
aconteceu ou não deu certo, com pensamentos do tipo “Mas isso aconteceu para
fulano que nem merece tanto quanto eu”.
Bobagem... Não sabemos o que “fulano” teve que passar ou fazer durante
aquele período ou acontecimento.
Mas muitas das vezes agimos de
forma impensada, em algumas por total falta de maturidade. Jogamos oportunidades
para o ar, fazemos besteiras e demos nossas cabeçadas por aí. Situações normais
na vida de qualquer pessoa, uma forma de crescer como ser humano e também como
espírito, buscando uma vida melhor e mais próxima do que almejamos. É isso o
que precisamos entender. Se o planejamento deu certo e você conseguiu tudo o
que queria, ótimo. Se não, faça uma reflexão sobre o assunto e identifique por
que não aconteceu, procurando corrigir todos os erros em busca do acerto. Se nada
planejou, faça uma análise do que você ainda pretende para o resto de sua vida
e execute o seu plano. Certamente ainda há tempo.
Acho que a opinião do meu amigo faz
total sentido para nossas vidas e o pouco às vezes torna-se muito, mas de acordo
com o propósito de cada um. Tenho convicção de que não trocaria minha vida “por
um troco qualquer”, assim como no verso de “Minha Vida”. Mas hoje, mais maduro
e com outra visão do mundo, eu faria muita coisa diferente sim. Porque aquele
nosso velho papo de “também não me arrependo de nada” quase sempre é balela, coisa de senso comum. Só dizemos isso porque ainda não inventaram um fluído que nos
proporcione a alteração das coisas do passado. E é isso aí. Vamos crescendo em cada
dia. Não vou dizer somente para que façamos diferente. Eu vou sugerir que
tentemos fazer de uma forma que nos proporcione real felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário