quarta-feira, 15 de junho de 2016

CRÔNICA - Nossas vidas




"Porque aquele nosso velho papo de “também não me arrependo de nada” quase sempre é balela, coisa de senso comum. Só dizemos isso porque ainda não inventaram um fluído que nos proporcione a alteração das coisas do passado".

            Dia desses estava este humilde escriba concentrado em seus afazeres, entre telefonemas e aprovações, com o som da Rádio Alvorada ao fundo. Foi neste momento que começou a tocar, para minha alegria, a música “Minha Vida”, de autoria do meu xará Luiz Maurício, também conhecido pela alcunha de Lulu Santos. Devo confessar que adoro essa música. Lembrei-me de minha infância no bairro do Santo André, época em que eu também sonhava em ir tocar guitarra na TV. Essa música nos convida a uma reflexão sobre nossas vidas, nossos sonhos, comportamentos e realizações.

            Cada um de nós traz uma história diferente. E é bem verdade que desde novos realizamos alguns planos para nossas vidas, planos esses que nem sempre serão executados de acordo com nosso planejamento. Existem também aqueles que nada planejam e convivem com alguns acontecimentos jamais imaginados. É engraçado isso. Há pouco tempo, numa pequena reunião com um amigo aqui no Padre Eustáquio, falávamos sobre o assunto. Ele me dizia que tinha certeza de que não havia construído muita coisa em sua vida, mas se dava muito por satisfeito tendo tido um filho, por ter vivido bons momentos e, principalmente, por ter conquistado grandes amizades, o que ele considera como sendo o bem mais valioso que um ser humano pode ter. Fiquei pensando em suas palavras e tentando entender até que ponto concordo com ele.

            Todos nós temos nossos sonhos, ilusões e romances. Quando eu era menino, primeiramente quis ser jogador de futebol, o que é muito comum. Depois veio a paixão pela música, juntamente com a literatura, que carrego até hoje. A música não vingou, a literatura fez morada. Eu já era jornalista e nem sabia. Tempos depois veio o sonho de fazer a faculdade, sonho que também vim a realizar posteriormente. Não sei se no tempo certo, mas realizei. E, pra falar a verdade, nem sei se existe tempo certo para alguma coisa na vida. Acho que tudo o que acontece ou deixa de acontecer tem uma explicação. Demorei uma “eternidade” para amadurecer tudo isso na minha cabeça e hoje concordo que de nada adianta sofrer, chorar ou se lamentar pelo que aconteceu ou não deu certo, com pensamentos do tipo “Mas isso aconteceu para fulano que nem merece tanto quanto eu”.  Bobagem... Não sabemos o que “fulano” teve que passar ou fazer durante aquele período ou acontecimento.

Mas muitas das vezes agimos de forma impensada, em algumas por total falta de maturidade. Jogamos oportunidades para o ar, fazemos besteiras e demos nossas cabeçadas por aí. Situações normais na vida de qualquer pessoa, uma forma de crescer como ser humano e também como espírito, buscando uma vida melhor e mais próxima do que almejamos. É isso o que precisamos entender. Se o planejamento deu certo e você conseguiu tudo o que queria, ótimo. Se não, faça uma reflexão sobre o assunto e identifique por que não aconteceu, procurando corrigir todos os erros em busca do acerto. Se nada planejou, faça uma análise do que você ainda pretende para o resto de sua vida e execute o seu plano. Certamente ainda há tempo.

Acho que a opinião do meu amigo faz total sentido para nossas vidas e o pouco às vezes torna-se muito, mas de acordo com o propósito de cada um. Tenho convicção de que não trocaria minha vida “por um troco qualquer”, assim como no verso de “Minha Vida”. Mas hoje, mais maduro e com outra visão do mundo, eu faria muita coisa diferente sim. Porque aquele nosso velho papo de “também não me arrependo de nada” quase sempre é balela, coisa de senso comum. Só dizemos isso porque ainda não inventaram um fluído que nos proporcione a alteração das coisas do passado. E é isso aí. Vamos crescendo em cada dia. Não vou dizer somente para que façamos diferente. Eu vou sugerir que tentemos fazer de uma forma que nos proporcione real felicidade. 

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