RESENHA

PÚBLICO MINEIRO SE CONTAGIA COM O VENENO ALEMÃO

M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A! Assim podemos definir a apresentação da banda alemã Scorpions em Belo Horizonte, no último dia 10, em show eletroacústico realizado no ginásio do Mineirinho, dando sequência a fase brasileira da turnê Humanity World Tour. A única coisa que desagradou a mim e a praticamente todo o público mineiro foi o local, visto que a acústica do ginásio jornalista Felipe Drummond não é lá essas coisas.

Cheguei ao Mineirinho por volta das 19:25h e o que vi foi uma cena de total tranquilidade. A única coisa que identificava o evento como um show de rock era a quantidade de camisas pretas, pois a concentração do público era tranquila. Era visível o contraste de idades na fila de espera, assim como no show do The Police no Maracanã. Um senhor em especial se destacava entre as pessoas. Na minha frente, ele recordava com prazer suas últimas experiências com a banda: “Em 1985 tive o prazer de assistir ao show do maracanã, e em 2005 fui a São Paulo com meu filho. Será que conseguiremos pegar um bom lugar nas cadeiras”? E estava mesmo preocupado com isso. Para nossa alegria, às 20:00h em ponto os portões se abrirarm e entramos tranquilos, e certamente ocupamos um bom lugar.

Se do lado de fora a concentração ocorreu positiva, lá dentro foi ainda melhor. Para ser mais exato, não notei a presença de nenhum policial militar fardado dentro do ginásio.O que se via era uma galera tranquila e ansiosa, que aguardava com responsabilidade o início do show. Enquanto a banda alemã se preparava para entrar em cena, o público mineiro se concentrava ouvindo Pearl Jam e Metállica, em compania da boa e velha cerveja. Mas foi interessante notar a quantidade de médicos de plantão, visto que se tratava de um show de Rock onde certos exageros poderiam ocorrer. Para nossa alegria eles puderam curtir tranquilos ao show.

Pontualmente às 22 horas a banda liderada pelo vocalista Klaus Meine pisou no palco, abrindo o que viria a ser um grande concerto de rock com “Rock You like a hurricane”, que por sinal fez parte das lendárias propagandas de cigarros Hollywood. A desenvoltura com que Klaus e seus companheiros levaram o show é algo de se admiriar. Simpáticos, interagiram com o público durante todo o show, arranhando palavras em português e prestando uma grande homenagem ao Brasil cantando uma versão muito particular do Scorpions para “Aquarela do Brasil”. Importante se destacar também a grande participação do guitarrista teuto-brasileiro Andreas Kisser, que se juntou aos alemães no palco proporcionando aos amantes da guitarra momentos inéditos. Também não podemos nos esquecer de destacar a versão acústica da maravilhosa “Send me an angel” e também a clássica “Still loving you” com a versão elétrica.

De um modo geral, o que se viu no Mineirinho foi um show de paz, onde roqueiros de todas as idades se deliciaram com a harmoniosa apresentação da banda. Quase não percebi o “cheirinho da jamaica” por lá, o que não ocorre na maioria destes shows. Mas dois momentos mereceram destaque: O solo que o baterista James Kottak proporcionou à platéia e um senhor ao meu lado, chorando com o braço para o alto e com uma latinha de cerveja na outra mão, parecendo um menino assistindo a um show da Xuxa. O show só não foi melhor pelas condições acústicas do Mineirinho.Talvez este espetáculo teria um resultado melhorse fosse realizado no gramado do Mineirão ou até mesmo no Independência. Mas certamente o público mineiro não se esquecerá desta noite memorável onde Klaus Meine e os outros “escorpiões” transformaram BH na capital do Rock.