“No fim alguma coisa haveria de ficar em nossa memória. No meu caso o que ficou em evidência foi a importância de se ter o mínimo de noções humanitárias para viver neste mundo às vezes tão frio”.
Na sua crônica publicada no jornal O GLOBO em 12/01/2008, Arnaldo Bloch fazia referência a um professor muito especial na sua vida, de nome Igor. Relatava, dentre alguns casos da época, a sutileza com que o referido professor comandava as aulas e como foi importante na sua formação. Temos consciência da real importância de todos os professores que por nossas vidas passaram, mas alguns se tornam realmente especiais. Pela bondade? Pelo aspecto irreverente? Não, talvez não só por isso. Muitas vezes pela maneira de nos mostrar a vida como realmente é ou como deve ser.
Ao contrário da maior parte das pessoas não me recordo da minha primeira professora. Isso mesmo, não me lembro. A única coisa que me recordo da época do Jardim era de meu apelido (Terror do Peter Pan) e de uma professora, filha da proprietária, de nome Denise. Tinha uma beleza fora do comum, chegando até mesmo a disputar o título de Miss Minas Gerais. No grupo escolar o destaque ficou para a “Tia” Miriam, uma pessoa com um coração puro e grande irreverência. “Tia” Miriam, assim como eu, era fã do RPM que naquela época vivia seu auge. No colégio, apesar de ter conhecido bons educadores, não guardei nenhuma lembrança mais forte de nenhum deles. Somente o agradecimento por terem feito sua parte .
Eu nunca fui ótimo aluno. Para ser mais exato só fui mesmo gostar de estudar quando me ingressei na faculdade, pois sabia que além de estar livre para sempre da matemática e da física estudaria coisas que realmente identificavam comigo, e isso era o mais importante. Daí quando me vi envolvido com textos, redações e palestras senti que as coisas começavam a melhorar na minha vida. De uma só vez dei adeus ao logaritmo, equações de sei lá que grau e outras coisas a que nunca fui chegado. E foi nesse embalo, ainda no primeiro período que conheci os dois melhores e mais influentes professores de minha vida.
Começaremos pela Filosofia. Era uma aula fantástica e muito descontraída. O professor Maurílio Santiago sabia comandar muito bem a turma e quase não pedia atenção. Entrava na sala, fazia uma brincadeira, a chamada e em seguida iniciava um texto junto aos alunos. Todos participavam. Ele fazia suas considerações, e nós as nossas. No fim alguma coisa haveria de ficar em nossa memória. No meu caso o que ficou em evidência foi a importância de se ter o mínimo de noções humanitárias para viver neste mundo às vezes tão frio. O professor Maurílio conseguia mostrar como fatos simples no cotidiano tornam-se importantes, ou como a maneira de ver e interpretar as coisas consegue interferir em nosso modo de agir e pensar. Nunca mais me encontrei com ele, mas sinto saudade de suas teorias e idéias.
A outra pessoa especial foi a professora de Leitura e Produção de textos, Regina Mota. A identificação foi rápida. Além de sua grande inteligência, tinha uma característica muito parecida com a minha: A grande paixão pela literatura. Era possível ver o brilho em seus olhos ao comentar um determinado texto, fosse ele de autores famosos ou de anônimos como eu. Também me chamava atenção a forma como ela mostrava aos alunos a importância de se ter um convívio sadio com a nossa vasta língua, às vezes tão maltratada. Sem falar que a Regina teve muita influência na minha “carreira” como cronista, pois seu apoio e incentivo ainda estão presentes em mim mesmo longe de suas aulas.
A todas estas ilustres pessoas demonstro o meu agradecimento e respeito. A todos os professores e mestres os meus parabéns por estarem sempre desempenhando muito mais do que seu verdadeiro papel na sociedade, fazendo muito mais do que ensinar e educar. A maioria são grandes amigos e é uma pena que alguns de nossos alunos não saibam realmente aproveitar esse importante capítulo na formação básica de todo ser humano.
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